quarta-feira, 20 de maio de 2015

Formação Continuada no CEMEPE - Encontro de 20/04/2015



O mês de abril teve dois encontros da formação continuada: além da formação do dia 13, no dia 20 recebemos a visita de um grupo de dez indígenas na etnia Xavante, moradores da Aldeia Xavante , localizada na Terra Indígena São Marcos, em Barra do Garças-MT.

O grupo, liderado por Gaspar Waradzéré Tsiwari, veio à Uberlândia através de um convênio com a Fundação Saúde do Município de Uberlândia (FUNDASUS). Os indígenas participaram de diversos eventos em escolas municipais, no Museu do Índio, na Universidade Federal de Uberlândia e o dia 20 foi reservado para uma apresentação no CEMEPE.

Na parte da manhã, os indígenas conversaram com os professores presentes, respondendo dúvidas a respeito de sua cultura e da vida na aldeia. O bate-papo foi finalizado com a apresentação de uma dança no pátio do CEMEPE:


Conversei com o senhor Gaspar e perguntei o significado desta dança: ele disse que ela é feita na abertura de festas, antes de iniciar outras danças, e que mulheres também podem participar.

Na parte da tarde, o bate-papo contou com a presença de vários alunos de escolas próximas ao CEMEPE: EMEI Pof. Horlandi Violatti, EMEF Amanda Carneiro Teixeira e EMEF Prof. Otávio Batista Coelho Filho. Os alunos fizeram muitas perguntas aos indígenas e estavam bastante interessados. Alguns até participaram das danças. Veja os vídeos abaixo:









Tive a oportunidade de conversar com o senhor Gaspar no intervalo do almoço e fiz algumas perguntas para ele sobre a escola que ele dirige na Aldeia Xavante Namunkurá e a vida no local:

"Eu tenho vinte anos lecionando na minha escola. A diferença que eu vejo é muito grande, porque eu já estudei em escola de brancos. Eu sofri, fiquei isolado no cantinho da sala, mas ninguém me ajudava. Mas tinha uma senhora, coordenadora pedagógica, que me ajudava muito e eu aprendi. Mas é difícil, aluno branco despreza, deixa no canto. Quando eu ensino, tenho que cuidar dos meus próximos na escola. Este ano fiquei como diretor da escola, tenho coordenador pedagógico. Quanto fui coordenador pedagógico, corria atrás dos alunos para ensinar sobre o mundo globalizado e a tecnologia.
Nossa escola não tem incentivo da prefeitura, fica afastada, tem problemas. Meu irmão fazia faculdade de Serviço Social mas trancou, porque tinha que arcar com todos os custos e não conseguiu. O que está escrito nos livros de História está errado, porque nossa vida é difícil e os governos não ajudam.
As crianças só ficam na escola da aldeia, porque a aldeia é muito afastada (a cidade mais próxima, Barra do Garças, fica a 250 km de distância). As coisas na escola são bem improvisadas; no começo, tivemos ajuda do governo para construir o prédio, mas depois não recebemos mais nada. Na escola, as crianças aprendem coisas sobre sua cultura, mas também estudam a lei, a Constituição e o governo.
O prédio da escola foi construído pela prefeitura, mas está inacabado; faltam carteiras suficientes, porque são muitas crianças (a escola é para alunos a partir de 5 anos). Tem um computador na escola, mas na aldeia não tem energia elétrica. 
A nossa aldeia é formada por quarenta e uma ocas, o posto de saúde e a escola, e fica em uma área demarcada formada por quarenta e oito aldeias. As famílias são muito unidas, os idosos são muito valorizados. Fazemos assembleias no fim do dia para decidir as coisas da aldeia. As mulheres não participam das assembleias, só podem dar suas opiniões para os maridos."

Fotos do encontro - turno manhã:
























Fotos do encontro - turno tarde:











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